Sexo irritante
É proibido matar raposas em Londres. Para se livrar delas, as empresas de prevenção de pestes as capturam e as soltam em outros pontos da cidade, geralmente no sul da cidade. Um dos pontos favoritos para isso é exatamente onde moro, Denmark Hill, onde existem muitas áreas verdes. Não são exatamente terrenos baldios, estão mais para florestas baldias. Perfeito para as raposas.
Quem, como eu, cresceu em São Paulo, onde os maiores mamíferos não-domesticados são as ratazanas, não podia deixar de admirar essas criaturas da noite. As via como sobreviventes teimosos, verdadeiros insurgentes urbanos que não se davam ao trabalho de agradar os humanos.
Os londrinos não gostam delas. São consideradas pestes, como os ratos. Uma dor de cabeça, bagunceiras de quintais que somem com uns gatos de tempos em tempos.
Por anos eu deixei de jogar restos de carne no lixo. Os guardava para deixar para elas na calada da noite. Me sentia solidário. Raposa is all, pensava eu.
Até que, por volta de um mês atrás, um grupinho delas veio morar em frente à minha casa. O problema é que o som que elas emitem quando fazem sexo faz o ruído que os gatos emitem parecer música de Bach. A primeira vez que ouvi, demorei uns longos minutos até perceber que não se tratava de uma criança sendo torturada. E elas fazem muito sexo. Toda noite, por muito tempo.
Clique aqui para ouvir o som de raposas fazendo sexo:
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Dois ou três dias após a chegada do grupo, minha vizinha disse que adoraria ter uns cachorros grandes para jogar em cima delas e acabar com a festa. Me chocou a insensibilidade da moça que desejava não só acabar com a diversão alheia mas mesmo atentar contra a vida delas.
Mas me peguei, em noites insones, tendo fantasias assassinas contra elas. Cheguei a dormir em outra parte da casa para escapar da sinfonia dos horrores. Sonhava com um lança-chamas que me devolveria a tranquilidade. Até que um dia parou. Não sei se a natureza nômade dos bichos falou mais alto e elas levantaram acampamento ou algum vizinho com menos conflitos morais tomou uma atitude, mas o fato é que os ruídos cessaram. E o meu lado pequeno burguês respirou aliviado. Raposa is all, mas dormir é mais all ainda.
dzԳáDzDeixe seu comentário
Huahuhua..
mt interessante o acasalamento das raposas londrinas.
Imagino o sorfimento que seja ouvir barulhos intimos de animais durante a noite.
Muito bom o artigo.
Rodrigo:
Sei que não é fácil viver sob ruidos,
gunhidos ou sons exóticos emitidos por
aves ou animais silvestres ou domésticos. Mesmo nessa maravilhosa
capital do Império Britânico. Mas aqui no Brasil, também temos nossas
diferenças. Uma delas é o ruido de
maritacas em determinada fase do ano,
que acabam com o sossego de muita gente.Alem disso, essas aves devoram fios elétricos e telefônicos, sob
pretexto - segundo dizem alguns prejudicados - de exercícios para afiar o bico.Por onde passam esses
bandos de maritacas, é um verdadeiro
escândalo, que ninguem escapa.
Janela corta som é TUUUUDO hehehehe
Não creio que em Londres não exista essa tecnologia.
Agora, raposas em Londres? Nunca imaginaria.
Muito bom o som das raposas fazendo sexo. huhuhhu
Não consigo imaginar raposas em Londres...
E por falar em raposas, que tal os esquilos? Lembro-me em catford de todas as vezes que eles iam em nossa lata de lixo procurar comida durante o inverno. Foram muitos os sustos ao abrirmos aqueles containeres verdes e um deles pular em cima da gente desesperado para fugir da armadilha de terem ficado presos com a decida da tampa. Raposas eram mais raras, e pelo que sei não gostavam muito de sexo não! Bem, como são animais mais solitários, talvez só se visitem durante o período do cio.
Agora o que mais me incomodava, era um gato gordo - parecido com o Garfield - da vizinha que ia em meu apartamento e deixava quilos de pelo sobre o tapete da sala. What a disgusting!!
Olá. Muito interessante a matéria. E mais ainda o som dos bichinhos amantes. Por vezes, recorro ao Frontal para dormir: gatos já bastam!
Olá Rodrigo,
muito legal como vc abordou o tema da sinfonia erótica das raposas. Me fez lembrar de uma experiencia semelhante que tive com sapos. Aluguei um quarto numa casa num bairro totalmente urbano de Durban na África do Sul. A casa tinha um laguinho. Uma noite contei pelo menos 10 sapos cantando naquele coral. Quase perdi a minha carteirinha da WWF devido aos meus desejos de aniquilar aqueles animalzinhos.....
...um abraco!
Adorei!! Muito engraçada a sua abordagem e o som das raposas!!