Itamaraty confirma apelo 'oficial' para receber iraniana
O Itamaraty confirmou nesta sexta-feira ter feito "oficialmente" um "apelo" ao governo iraniano para permitir que a iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte por adultério, possa buscar abrigo no Brasil.
Em nota, o Ministério diz que a proposta foi feita na última terça-feira, por meio de uma conversa (ou "gestão", no jargão diplomático) do embaixador do Brasil em Teerã, Antônio Salgado, com o vice-ministro interino para as Américas do Ministério das Relações Exteriores do Irã.
O pronunciamento do Itamaraty ocorre um dia após o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, ter negado o recebimento de qualquer oferta oficial do governo brasileiro sobre a mulher condenada.
Em entrevista à Agência Brasil, Shaterzadeh disse que seu governo não recebeu "qualquer ofÃcio" do Itamaraty, o que segundo ele é a "orientação" da diplomacia em casos como esse.
Já na avaliação do Itamaraty, a oferta feita pelo embaixador Salgado "constitui, do ponto de vista diplomático, formalização de oferta".
"O Itamaraty confia em que o apelo feito com base em considerações puramente humanitárias e no bom relacionamento entre os dois governos, que não visa a interferir na soberania iraniana, receberá a devida atenção das autoridades daquele paÃs", diz a nota.
O chanceler Celso Amorim reforçou essa visão, após participar de um evento nesta sexta-feira, em São Paulo. "Quando o embaixador brasileiro em Teerã vai comunicar algo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dito, mas vai comunicar oficialmente, isso para nós já é uma formalização", disse.
Até o momento, porém, a diplomacia brasileira não recebeu uma resposta formal do governo iraniano sobre a oferta feita a Sakineh.
Organismos de defesa dos direitos humanos previram que a iraniana seria executada ainda nesta semana, mas é possÃvel que a morte por apedrejamento seja revista. Em vez disso, Sakineh poderia ser enforcada ou mantida na prisão