O bem que faz não sofrer pressões
Desde que a bola começou a rolar aqui na África do Sul, as principais desculpas que vínhamos ouvindo para as supresas e "zebras" eram a Jabulani, a altitude e as vuvuzelas.
Foi ainda na primeira rodada, durante o jogo Inglaterra x EUA que meu colega Emmanuel Coste, do serviço em francês para a África da 鶹ҳ, fez um comentário que, para mim, justifica vários dos resultados e das classificações que estamos vendo neste final de primeira fase.
Naquele jogo, a Inglaterra vencia por 1 x 0 quando os EUA empataram com um frango inacreditável do goleiro Green. E os ingleses se desestabilizaram dali para diante. O Emmanuel, um boleiro assumido, cobrindo sua terceira Copa do Mundo, disse: "Os Estados Unidos jogam com garra, eles lutam em campo e não desistem. Afinal, não têm nada a perder".
Pois aí acho que está a chave do mistério: muitos dos times que chegaram à Copa sem ter de lutar por sua reputação acabaram por se classificar para as oitavas.
A eliminação da Itália e da Dinamarca, nesta quinta-feira, dando lugar a países como a Eslováquia e o Japão, a permanência da Coreia do Sul e o brilho dos latino-americanos que há muito não impressionavam - Uruguai, México, Chile e Paraguai - são exemplos de como a falta de pressão pode ser saudável.
Claro que cada uma dessas equipes veio para ganhar e acredita nisso, assim como seus torcedores. Mas elas não chegaram aqui com as mesmas expectativas e cobranças que o Brasil, a Itália, a Alemanha, a Argentina, a Espanha e a França. Basta ver a repercussão global que teve a "queda da Bastilha".
Agora, no entanto, estamos na boca do mata-mata. E, após surpreenderem o mundo com seus bons resultados, essas seleções começam a sentir a pressão e, sim, terão muito a perder. Será que ter garra será suficiente para elas? Ou nessa hora prevalece quem tem experiência neste tipo de situação, ou seja, aqueles que já foram campeões do mundo e estão acostumados a lidar com a tensão?