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Olhar inglês

鶹ҳ Brasil | 19:18, sexta-feira, 29 setembro 2006

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* Steve Kingstone é correspondente da 鶹ҳ em São Paulo

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Duas semanas atrás, alguém disse pra mim: "Lula só perde essa eleição se for encontrado na cama com uma mulher morta ou com um homem vivo."

Essa é uma frase incrível, mas após três anos no Brasil aprendi que é sempre um risco fazer previsões. As coisas aqui mudam em um piscar de olhos. E isso é motivo de alegrias e frustrações neste grande país.

De um ponto de vista egoísta e puramente jornalístico, posso dizer que o caso do dossiê animou uma campanha particularmente tediosa.

Esse episódio talvez seja confuso para uma audiência internacional, para a qual o nome dos envolvidos não soa familiar, mas foi importante por se tratar da primeira ‘ameaça’ real aos planos de reeleição do presidente Lula.

Mesmo assim, minhas tentativas de entrevistar o presidente não deram em nada, após uma série de respostas educadamente descompromissadas do Planalto e do PT (os brasileiros nunca dão um “não” direto).

É uma pena porque ao redor do mundo há um apetite genuíno por informações sobre o Brasil. Além disso, creio que o desempenho de Lula diante das câmeras é bem melhor do que muitos acreditam – incluindo seus próprios assessores.

Para encerrar, a melhor declaração da campanha eleitoral: Heloísa Helena chamando os políticos tradicionais de “gigolôs do FMI”. Isso você provavelmente não veria no meu país...

para assistir a uma reportagem de Steve Kingstone, em inglês, sobre a disputa eleitoral

Leia também os textos das reportagens em inglês nos links abaixo:

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Sabe, mas perdoa

Denize Bacoccina | 16:06, terça-feira, 26 setembro 2006

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A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça fortalece o cenário mais otimista para os petistas, de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já neste domingo, e derruba vários mitos sobre a desinformação do eleitor em relação aos programas eleitorais e ao escândalo do dossiê.

A pesquisa mostra que Alckmin subiu tirando votos de Heloisa Helena e que Lula se manteve praticamente estável, com mais de 51% das intenções de voto – o equivalente a 59% dos votos válidos.

A oposição apostava que o escândalo do dossiê tiraria mais votos de Lula à medida em que o assunto fosse mantido nos noticiários.

A pesquisa, cujo trabalho de campo foi feito neste fim de semana, mostra um eleitor razoavelmente bem informado sobre o assunto, mas convicto de seu voto.

Quase 60% dos eleitores estão acompanhando ou ouviram falar do escândalo do dossiê.

Mas só 3,2% disseram que pretendem mudar o voto que dariam a Lula. 27,7% dizem que vão continuar votando no presidente e 22,8% disseram que já não iam votar na reeleição do candidato do PT.

Uma parcela pequena dos eleitores (10%) acredita que a responsabilidade pela compra do dossiê é do presidente Lula. Outros 26% acreditam que a culpa é de assessores de Lula, e 13% acham que é do PT.

Os programas de TV ou rádio foram assistidos por 61% dos eleitores, e outros 22,5% ouviram falar.

Aumentaram também tanto a rejeição como a consolidação do voto em Lula entre a pesquisa de agosto e esta. Mas o presidente ainda é o candidato com menor rejeição – 27%, contra 41% de Alckmin e 50% de Heloisa Helena.

No fim de semana, as pesquisas Datafolha e Ibope mostraram dois cenários bem diferentes: a primeira dá uma vantagem de oito pontos para Lula em relação à soma dos concorrentes, enquanto a segunda reduz esta vantagem para apenas três pontos, aumentando as chances de um segundo turno.

A diretora-executiva do Ibope Opinião, Marcia Cavallari, disse que a diferença pode ser creditada ao “timing” das pesquisas de campo.

A do Ibope foi feita entre quarta e sexta, “no auge da crise”, como ela avalia. “Não ficaria surpresa se na pesquisa que vamos divulgar amanhã já aparecesse uma recuperação”, disse à 鶹ҳ Brasil.

Não só ela, mas todos os analistas e principalmente estrategistas das campanhas vão ficar de olho nas próximas pesquisas: a do Ibope, nesta quarta e sábado e do Datafolha, na quinta-feira.

Alívio temporário

Denize Bacoccina | 17:12, sexta-feira, 22 setembro 2006

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Os resultados das pesquisas de intenção de voto divulgadas na noite desta quinta-feira deram um alívio para os petistas, que temiam um impacto negativo das notícias sobre o dossiê contra os tucanos.

O Ibope mostrou uma queda de apenas um ponto para Lula e o ganho de um ponto para Alckmin, uma variação apenas estatística. Na pesquisa interna do PT também não houve alteração.

Mas ainda pode ser muito cedo para considerar que não haverá impacto. O trabalho de campo da pesquisa Ibope foi feito entre segunda e quarta-feira.

A saída de Ricardo Berzoini da coordenação da campanha, até agora o nome mais importante a cair por causa do escândalo, só foi divulgada na noite de quarta-feira.

E a revelação que realmente conta – a origem do dinheiro encontrado com os integrantes da campanha presos em São Paulo na sexta-feira passada – ainda não aconteceu.

Na entrevista desta sexta-feira à rádio CBN, o presidente Lula reforçou a estratégia de se descolar “das pessoas”, como ele disse, acusadas de participar na elaboração do dossiê contra os tucanos.

Lula falou como se fosse um candidato independente do partido, como se Berzoini – ainda presidente do PT e ex-coordenador da campanha – não tivesse nada a ver com ele e os acusados pelo dossiê fossem militantes agindo por conta própria.

O que a pesquisa já mostrou é que caiu em seis pontos a aprovação ao governo Lula. Com a queda de 49% para 43% dos que consideram o governo ótimo e bom, Lula perde tudo o que ganhou em setembro.

A parcela dos que consideram o governo ruim e péssimo aumentou de 16% para 19%.

A coordenação da campanha confia que os que ficaram escandalizados com o caso já não iam mesmo votar em Lula.

Contenção de danos

Denize Bacoccina | 18:15, quinta-feira, 21 setembro 2006

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Como em escândalos anteriores, a estratégia do PT no caso do dossiê contra Serra parece ser atribuir a responsabilidade à iniciativa individual de membros do partido.

Na entrevista coletiva desta quinta cedo, o novo coordenador da campanha da reeleição de Lula, Marco Aurélio Garcia, insistiu que não só Lula não sabia de nada, mas também o PT.

“O PT não tomou esta iniciativa, o PT não pagou por dossiê, o PT não pediu dossiê e as pessoas que fizeram isso o fizeram à revelia do partido e trouxeram um enorme prejuízo político”, afirmou Marco Aurélio, que assumiu o cargo em substituição ao próprio presidente do PT, Ricardo Berzoni – que caiu depois de admitir que sabia que um assessor ofereceria o dossiê a uma revista.

Marco Aurélio defendeu Berzoini, mas não deixou claro se “as pessoas” a que se refere são ou não as demais já envolvidas no escândalo: Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, membros da campanha de Lula, Freud Godoy, assessor especial do presidente, Expedito Afonso Veloso, diretor do Banco do Brasil, além dos também petistas Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva, presos em São Paulo com R$ 1,7 milhão de origem ainda desconhecida.

E é justamente a origem deste dinheiro que pode responder se o escândalo se resume a uma tentativa frustrada de desqualificar o adversário ou se existe um crime maior.

Sobre o assunto, Marco Aurélio manteve a linha de declarações de seu antecessor: disse que cabe à Polícia Federal investigar se há dossiê, o seu conteúdo, quem esteve envolvido na compra e na venda de informações e de onde vem o dinheiro.

Até agora, a PF só identificou os bancos de onde saíram as notas. Ainda falta mostrar quem são os titulares das contas e como elas foram alimentadas.

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, numa entrevista à CBN na manhã desta quinta, criticou a tentativa do PT de responsabilizar peixes miúdos enquanto preserva o presidente.

“Acho que essas coisas acontecem devido à impunidade”, disse, em referência ao que considera a falta de uma ação mais dura por parte do presidente para punir auxiliares pegos em atos ilegítimos.

As razões do eleitor brasileiro

Rogério Wassermann | 18:35, sexta-feira, 15 setembro 2006

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Em época de campanha eleitoral, as pesquisas de intenção de voto apanham mais que candidato. Os adeptos das teorias conspiratórias adoram pensar que elas são manipuladas de acordo com interesses escusos e secretos.

Muitos se perguntam como é possível candidato X estar na frente se em seu círculo de amizades todos são eleitores de Y, ou por que Z aparece com 0% numa pesquisa apesar de conhecerem inúmeros "zesistas".

Em conversa com a 鶹ҳ, o diretor do instituto Datafolha, Mauro Paulino, comentou que vem sendo constantemente questionado sobre a folgada liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas.

A última pesquisa do instituto, que mostra o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) liderando por 52% a 25% na faixa de eleitores com renda acima de dez salários mínimos, pode ajudar a explicar o porquê desses questionamentos. Para alguém nesse grupo, é inconcebível pensar que Lula lidera, já que entre seus pares a maioria absoluta está contra o presidente.

Da mesma forma, o ex-ministro Cristóvam Buarque (PDT), estacionado há meses com 1% nas pesquisas, aparece com 4% se considerados apenas os eleitores com nível superior e com 5% entre aqueles com salários acima de dez mínimos.

O fato é que há uma clara correlação entre o perfil do eleitor, de acordo com sua renda, escolaridade, profissão, idade e até mesmo localização geográfica, e sua escolha política. A reportagem especial ‘As Razões do Eleitor Brasileiro’ (veja aqui) é uma tentativa de entender melhor esse processo.

Para francês ver

Daniela Fernandes, de Paris | 21:56, segunda-feira, 4 setembro 2006

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Apesar da grande vantagem nas pesquisas e de analistas já começarem a discutir se uma eventual reeleição de Lula no primeiro turno faria bem ou mal à democracia, o PT faz no exterior um seguro contra surpresas.

Em entrevista a jornalistas franceses, em Paris, o secretário de Relações Exteriores do partido, Valter Pomar, fez questão de evitar o clima de "já ganhou".

"Nós trabalhamos com a idéia de que provavelmente a eleição presidencial será resolvida em dois turnos", disse Pomar, antes mesmo de ser questionado sobre o assunto.

Os jornalistas, porém, estavam mais interessados em outro assunto. Com exceção de uma pergunta sobre economia, as acusações de corrupção envolvendo membros do governo e do PT dominaram a entrevista.

Pomar não negou a gravidade do assunto, mas disse que os fatos foram "ampliados e deturpados".

Visão alternativa

Asdrúbal Figueiró | 22:49, sexta-feira, 1 setembro 2006

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Não é só a esperada fragmentação partidária do próximo Congresso que deve criar problemas para o próximo presidente.

Analista político do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz crê que os recentes escândalos vão dificultar a distribuição de cargos nos ministérios e a liberação de verbas do Orçamento – dois instrumentos tradicionalmente usados para "comprar" apoio no Parlamento.

"A imprensa, a sociedade e o Parlamento vão ficar de olho."

Queiroz diz que isso vai levar o Executivo a ter de negociar mais com o Congresso o conteúdo das medidas de política pública apresentadas ao Legislativo.

Para o analista, isso é positivo. Ao contrário de investidores e empresários, que temem que uma eventual fraqueza do governo no Congresso emperre as reformas pró-mercado.

"É da natureza da democracia que o Congresso participe da formulação das políticas públicas em nome do povo."

Depois de tantos escândalos envolvendo justamente membros do Congresso, a tese é no mínimo polêmica.

Os argumentos de Queiroz estão .

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